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Datação do sudário de Turim poderia estar errada?

Periódico científico britânico Archaeometry relata acusações de fraude sobre a datação no Santo Sudário
Por Prof. Átila Soares da Costa Filho - colunista sobre Arte
Desta vez é pelo periódico científico britânico "Archaeometry” - edição de março de 2019 - que reaparecem acusações de fraude sobre a datação no Santo Sudário, tentando desacreditar as pesquisas de 1988 que o revelaram como da Idade Média. Assim, alguns cientistas franceses e italianos (Universidade da Catânia), por meio de seu responsável, Tristan Casabianca, alegam que os resultados haviam sido analisados sobre remendos do linho – e não sobre o pano em si. Deixando-se as paixões de lado, vamos aos FATOS:

A datação pelo carbono-14 em 1988 apontou para a fabricação do pano entre 1260 e 1390 - o quê, prontamente, inviabiliza sua origem paleocristã. Estes procedimentos foram orientados pela própria Igreja Católica com o Museu Britânico e conduzidos por três dos mais confiáveis institutos científicos e tecnológicos do mundo: as universidades de Oxford, de Tucson (Arizona) e o Instituto de Tecnologia de Zurique. De forma que ninguém das análises soubesse, também lhes foram entregues fragmentos de mais três objetos antigos já bem documentados, a fim de que se aumentasse o grau de confiabilidade sobre os resultados: o linho de uma tumba cristã de Qasr Obrim (Egito) dos séculos XI-XII; o de outra tumba de Tebas do ano 75; e alguns fios do manto de São Luís d’Anjou (Basílica de Madalena em Sainte-Baume, França), século XIII. O resultado das datações deu totalmente correto para as três peças.

Curiosamente, ferozes questionamentos se seguiram à validação dos testes sobre o manto de Turim – algo que não ocorre com a imensa maioria das peças arqueológicas extra-bíblicas... A pretensão dos defensores da relíquia é sempre anular o método do carbono-14 por sua suposta imprecisão diante das tantas impurezas depositadas no lençol e em decorrência dos dois incêndios aos quais o pano esteve exposto em 1516 e 1532. Vejamos o que pensava o “Pai da Microquímica Moderna”, o americano Dr. Walter C. McCrone: 

“A ideia de que o incêndio de 1532 em Chambery tenha alterado a data do tecido é risível. Amostras para datação por carbono são inteiramente queimadas e transformadas em CO2 como parte da purificação. E a sugestão de que contaminantes biológicos modernos sejam suficientes para atualizar a data também é patética. Seria necessário um peso de carbono do século XX correspondente ao dobro daquele do Sudário para se alterar uma data do primeiro século para o 14. Além disso, as amostras do tecido de linho foram limpas com muito cuidado antes da análise em cada um dos laboratórios.”

E, finalmente, sobre a alegação de que os fragmentos retirados para as análises pertenciam a remendos no material original, já em 1989 a “Nature” confirmava o óbvio: Uma equipe altamente qualificada de peritos em tecelagem deteve-se especificamente para selecionar a região donde se extrairia a amostra do radiocarbono FORA DE REMENDOS E COSTURAS. Convenhamos: imaginar estes profissionais, gabaritados com o que há de melhor, conduzindo o exame sem considerar a questão dos remendos – algo que qualquer aluno de Química do ensino fundamental notaria – é um tremendo atestado de idiotice. Se há insinuação de má fé contra os mesmos, é só imaginar o suicídio acadêmico que este pessoal estaria praticando a troco, exatamente, do quê? Riqueza??.. Ostentação e alto luxo não são exatamente atribuições corriqueiras na vida de cientistas. Mas quando esta mesma Ciência confirma um dilúvio ancestral, segmentos específicos da sociedade correm para alardear o quão precisos são seus textos sagrados, chancelados pelos acadêmicos. Importante salientar que a Igreja recebeu o resultado com natural aceitação, assim como jamais declarou oficialmente a autenticidade do lençol.

Para qualquer um com mínimo grau de razoabilidade, pode-se acreditar que o assunto “idade do Sudário” já esteja encerrado.

O Prof.Átila Soares da Costa Filho é designer, especialista em História e Antropologia e autor de “A Jovem Mona Lisa” e “Leonardo e o Sudário” (Rio de Janeiro). Também é co-autor dos livros “Leonardo da Vinci’s earlier Mona Lisa” (Zurique, Suíça) e “Mona Lisa: new perspectives” (Universidade de Santa Bárbara, Califórnia).

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